Versejar é se afogar no Limbo

É abrir os olhos perante enigmas

É nadar no Tsunami espiritual

O Menestrel é em  essência um solitário

Mesmo  em grupo coletivo seu espírito é errante

O não pertencimento ao Infinito assombra sua alma

Sua mente é um furacão de emoções

O Vento que traria calmaria o esfacela

A Paz sempre é longínqua

Os Amores impossíveis

O Cosmos não o comporta

O Poeta se depara com o Universo celeste e o estranha

O Milagre da existência o angustia

O Mosaico infinitesimal é falho

Sua voz o enlouquece e o vitimiza

A Arte não mais o compete

A Catarse nunca é suficiente

O Oceano de lágrimas é sua ruína

Nuvens de pensamentos o torturam

Acontece a procura do preenchimento carnal material que não corresponde

Ele pergunta se há seu onde

O Fogo não soluciona nada

Amizades pincelam o vazio

A Esperança se restringe ao divino

Outra alma humana não satisfaz

Mundos, gestos e atitudes se tornam sem serventia

A Angústia aflora faminta e o devora

Ele espera reticente sem muita expectativa

Perde-se na maravilha da matéria

Mergulha em livros, música e arte

Contempla o Todo e fica perplexo e tonto

Sua vida cai em tentativa de mais

A Tecnologia não o seduz

Romance vira Utopia

Ideologias caem por terra

Sensações se desvirtuam

Pondera errâncias e se cala

Faz voto de silêncio verbal

Cessa sua escrita fazendo protesto

Caça na totalidade nexo

Sua vida vira um ímpar manifesto

Pouco a pouco desvenda algum reflexo

E Cara a cara com Deus Eterno

Diz e agradece tudo em que foi imerso.